quarta-feira, 18 de junho de 2014

Água: dez lições para quem educa

Aos que educam, seja em casa ou na escola:

1. Busque desenvolver a capacidade de observação do seu filho ou filha quanto à realidade ambiental de sua cidade ou do local onde você vive. A capacidade de perceber é o passo inicial para o desenvolvimento de uma consciência de protenção do meio ambiente.

2. Aproveite um dia de chuva e convide seu filho ou filha para tomar um bom banho de chuva. Tomar banho de chuva é uma das coisas mais prazerosas para as crianças. Nos momentos de prazer é que surge a semente do amor à natureza.

3. Converse com os pequeninos sobre a importância dos rios para as nossas vidas. Aproveite uma final de semana para fazer um passeio nas margens de um rio ou mesmo de um riacho. Explore o ambiente, despertando a curiosidade dos jovens quanto ao ambiente natural.

4. Crie o hábito de fazer trilha com os pequeninos e os jovens. Nessas trilhas, ensine-os a ouvir o som da natureza. Estimule-os a diferenciar os diversos sons: o som dos pássaros, o som dos insetos, o som das árvores balançadas pelo vento, o som da água, o som da vida que pulsa nos bosques e florestas.

5. Mostre o valor da água para a nossa qualidade de vida. Proponha, por exemplo, o seguinte exercício: imagine se tivéssemos de passar uma semana sem ter água em casa? O que iria acontecer? Como teríamos de nos portar? Mostre exemplos concretos daquilo que acontece com as pessoas e com as comunidades quando falta água.

6. Bata um papo maneiro com seu filho ou filha sobre o tema: de onde vem a água que chega nas nossas casas? Qual é o manancial e como esse manancial está sendo tratado? Que ameaças existem para os mananciais que abastecem a sua cidade? Mostre o que podemos fazer para ajudar a proteger esses mananciais.

7. Mostre para os jovens a diferença entre "água superficial" e "água subterrânea". Dê exemplos sobre como podemos acessar esses tipos de mananciais. Existem cidades no Brasil que são quase que totalmente abastecidas com água subterrânea (água de aquíferos).

8. Mostre o papel da água nos diferentes estados (sólido, líquido e gasoso), como agente modelador do planeta, responsável pela formação dos relevos existentes em diferentes regiões do planeta.

9. Converse com seus filhos e filhas sobre a importância de economizarmos água nas tarefas diárias: no banho, na limpeza da casa, na lavagem da roupa, na lavagem do carro. Utilize-se de exemplos do dia-a-dia, assim fica mais fácil de construir o hábito de uso racional da água.

10. Invista na construção de uma consciência de valorização da água como bem essencial à vida. Passe noções sobre como devemos agir para preservar os recursos hídricos da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país, do nosso planeta. Mostre que o pouco que fizermos pode significar muito para a preservação dos recursos hídricos. Evidencie que as ações de proteção dos mananciais de água envolve todos nós.

Pequenas ações, grandes realizações.

Perceber é o primeiro passo para proteger.

domingo, 15 de junho de 2014

Meio ambiente: acesso livre ao cidadão

            Existe uma porta aberta para o cidadão contribuir com a preservação ambiental. Trata-se da “Lei de Acesso à Informação Ambiental” (lei 10.650/03). Essa lei estabelece que todas as instituições públicas integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente são obrigadas a disponibilizarem, para os interessados, as informações ambientais que estejam sob sua guarda, seja em meio escrito, visual, sonoro, seja eletrônico.
 
           Com esta lei o cidadão comum tem o direito, garantido por legislação federal, de saber o conteúdo de estudos - realizados por órgãos públicos ou por empresas (e entregues a órgãos públicos) - acerca de obras ou atividades potencialmente impactantes para o meio ambiente. Poderá também requisitar dados sobre pedidos de licenciamento ambiental ou desmatamentos e avaliações de risco potencial à saúde pública, como os levantamentos de áreas contaminadas por resíduos tóxicos.
Trata-se, pois, de mais uma ferramenta para o exercício da cidadania. Cabe agora trabalharmos para que o maior número possível de pessoas tome conhecimento da existência dessa lei, como forma de democratizarmos o nosso sagrado direito de exigir.  É uma oportunidade a mais que se apresenta, no contexto sócio-cultural brasileiro, como elemento catalisador de mudanças nas duas pontas que estão relacionadas mais diretamente com as questões ambientais, quais sejam: o cidadão comum, que tem a sua qualidade de vida afetada pela degradação ambiental, e os funcionários dos órgãos públicos da área ambiental (autoridades, funcionários administrativos, técnicos e pesquisadores), que, via de regra, apropriam-se das informações públicas como se lhes pertencessem, criando obstáculos para a sua disponibilização aos interessados. É prática corriqueira no Brasil ouvirmos desculpas do tipo: “As informações não devem ser abertas ao público leigo devido a seu caráter excessivamente técnico (como se a população fosse incapaz de realizar qualquer tipo de análise), ou por questões de sigilo empresarial (muitas vezes inexistentes), ou ainda sob o argumento de que a verdade dos fatos pode causar pânico (caso haja, por exemplo, risco à saúde pública)”.

Se pretendemos contribuir para a construção de um país mais justo socialmente, faz-se necessário mudar esse estado de coisas. Os administradores devem ter a coragem de abrir as portas dos órgãos públicos para o acesso livre às informações que estão sob sua guarda. Os funcionários públicos das áreas administrativas e técnicas devem tomar consciência do seu papel de facilitadores, na relação estado-sociedade. Os especialistas devem desenvolver o hábito saudável de transformar, em linguagem “palatável” para a população, as informações e os resultados dos estudos e pesquisas realizadas. Enfim, precisamos resgatar o conceito de que os dados, as informações, os resultados dos estudos foram produzidos com dinheiro público, visando, pelo menos teoricamente, ao bem público e, portanto, sendo de domínio público.
 
            A “Lei de Acesso à Informação Ambiental” pode ser o elemento-chave para transformar boa parte do contingente populacional brasileiro em parceiro efetivo, no processo de preservação do meio físico. O cidadão “bem informado” passa a contribuir mais efetivamente com as ações que se fazem necessárias implantar para a recuperação e preservação ambiental. Esse mesmo cidadão pode agir como “fiscal” da qualidade de vida, agilizando o fluxo de informações, e também como proponente de “soluções inovadoras para velhos problemas”. Em síntese, os detentores das informações podem, motivados pela Lei 10.650/03, consolidar uma belíssima parceria com a parte mais interessada neste processo, o cidadão brasileiro, transformando a nossa realidade para melhor.

sábado, 7 de junho de 2014

Água: a voz da natureza

Basta prestar um pouco de atenção.
A água é a primeira voz da natureza.
Voz e movimento: água que goteja;
água que escorre entre a seca folhagem;
água em correnteza;
água feroz das cachoeiras.

Voz que sussurra,
no vagar tranquilo
das calmas águas
dos riachos que banham quintais.

Voz luxuriante,
das águas que correm apressadas
entre os rochedos,
nos vales apertados.

Voz que acalma o espírito
no tamborilar das gotas
que respingam saltitantes
sobre as folhas úmidas,
passada a chuva que revigora.

Vozes de tantos tons,
fribilações e texturas.
Vozes que marcam o presente
e que nos levam ao passado,
trazendo à tona
recordações adormecidas,
momentos singulares
que o som das águas
resgatam e restauram.

Vozes que se misturam
a tantas vozes:
dos pássaros, das plantas,
dos sapos em sinfonia,
dos seres que rastejam,
dos seres que saltitam
de galho em galho,
de toda a teia da vida.

Água: voz e movimento.




  

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Saber cuidar: alterando o cotidiano para melhor

            Participar da construção de um mundo melhor. Quem não gostaria de dar a sua contribuição? A busca da felicidade pode ser traduzida como a busca pelo bem-estar. E o estar bem, dentre outras coisas, envolve relações harmônicas, equilibradas, com o meio físico em que vivemos. A cidade é o nicho ecológico de nós, seres urbícolas. O campo é o nicho ecológico da nossa população rural. 

Preocupado com o exercício saudável da cidadania, Leonardo Boff, no livro “Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela Terra”, alerta-nos para o fato de que é preciso tomarmos consciência do nosso papel no planeta como seres dotados de inteligência e razão. Para ele, é preciso que abramos os nossos corações e mentes com o objetivo de resgatar valores perdidos ao longo da história humana, que serão a chave para a manutenção da qualidade de vida nesse que é o único espaço disponível para construirmos os nossos sonhos e os das gerações futuras. E para isso é necessário que coloquemos em prática a filosofia do "Saber Cuidar".

Da mesma forma como cuidamos das nossas famílias, precisamos saber cuidar da nossa casa, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país e, por fim, do nosso planeta. Da mesma forma  que atentamos para as nossas relações familiares, é preciso atentarmos para as nossas relações com a sociedade, com os meios produtivos, com as autoridades que administram os bens públicos, com os órgãos que nos representam e com o meio natural em que fixamos as nossas raízes e edificamos as nossas obras.

Em cada uma dessas diferentes escalas, precisamos assumir as nossas responsabilidades, "cuidando" daquilo que nos diz respeito e que diz respeito aos nossos semelhantes. Como seres sociais, devemos buscar a nossa felicidade sem que para isso comprometamos a felicidade dos outros. E como usuários dos bens naturais, necessitamos praticar o ato de usar sem degradar aquilo que a natureza nos disponibiliza. São esses os fundamentos da ética, ou do fazer e agir eticamente. Fora desses princípios fundamentais, o que existe é retórica.

            Para aqueles que acreditam na possibilidade de atuar como agente de transformação da sociedade, fazendo da ética um exercício cotidiano, deixamos este pequeno fragmento, retirado de Leonardo Boff, para reflexão : "Diante do rio Amazonas ficamos totalmente fascinados, fazemos a experiência da majestade. Ao penetrar na floresta, contemplamos sua inigualável biodiversidade e ficamos aterrados diante da imensidão de árvores, de águas, de animais e de vozes de todos os timbres, fazemos a experiência da grandeza. Diante dessa grandeza, sentimo-nos um bicho frágil e insignificante irrompendo em nós o temor e o respeito silencioso, fazemos a experiência da limitação e da ameaça"

Se nos propomos a mudar o estado das coisas que não estão bem postas, precisamos correr riscos e precisamos também retirar do fundo do baú aquela gana, aquela raça que tínhamos na nossa juventude. Precisamos mais, ainda: é fundamental que nos ergamos das nossas confortáveis poltronas, que abramos as portas dos nossos palácios, e que coloquemos o pé na estrada, na busca da grande utopia, que só depende de nós. O nosso fazer cotidiano é a herança que deixamos para as gerações futuras.

O mundo que projetamos como ideal não é feito de boas intenções, ele é construído tijolo a tijolo, ele é produto das nossas ações cotidianas. Não precisamos realizar atos heróicos ou mesmo nos distanciarmos dos nossos afazeres diários para contribuirmos de forma efetiva com o processo de melhoria da qualidade de vida ou de aperfeiçoamento das instituições. O pouco que fizermos já será de grande valia. Pior é esperar que algum salvador da pátria o faça por nós.