quarta-feira, 4 de junho de 2014

Saber cuidar: alterando o cotidiano para melhor

            Participar da construção de um mundo melhor. Quem não gostaria de dar a sua contribuição? A busca da felicidade pode ser traduzida como a busca pelo bem-estar. E o estar bem, dentre outras coisas, envolve relações harmônicas, equilibradas, com o meio físico em que vivemos. A cidade é o nicho ecológico de nós, seres urbícolas. O campo é o nicho ecológico da nossa população rural. 

Preocupado com o exercício saudável da cidadania, Leonardo Boff, no livro “Saber cuidar: ética do humano, compaixão pela Terra”, alerta-nos para o fato de que é preciso tomarmos consciência do nosso papel no planeta como seres dotados de inteligência e razão. Para ele, é preciso que abramos os nossos corações e mentes com o objetivo de resgatar valores perdidos ao longo da história humana, que serão a chave para a manutenção da qualidade de vida nesse que é o único espaço disponível para construirmos os nossos sonhos e os das gerações futuras. E para isso é necessário que coloquemos em prática a filosofia do "Saber Cuidar".

Da mesma forma como cuidamos das nossas famílias, precisamos saber cuidar da nossa casa, do nosso bairro, da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país e, por fim, do nosso planeta. Da mesma forma  que atentamos para as nossas relações familiares, é preciso atentarmos para as nossas relações com a sociedade, com os meios produtivos, com as autoridades que administram os bens públicos, com os órgãos que nos representam e com o meio natural em que fixamos as nossas raízes e edificamos as nossas obras.

Em cada uma dessas diferentes escalas, precisamos assumir as nossas responsabilidades, "cuidando" daquilo que nos diz respeito e que diz respeito aos nossos semelhantes. Como seres sociais, devemos buscar a nossa felicidade sem que para isso comprometamos a felicidade dos outros. E como usuários dos bens naturais, necessitamos praticar o ato de usar sem degradar aquilo que a natureza nos disponibiliza. São esses os fundamentos da ética, ou do fazer e agir eticamente. Fora desses princípios fundamentais, o que existe é retórica.

            Para aqueles que acreditam na possibilidade de atuar como agente de transformação da sociedade, fazendo da ética um exercício cotidiano, deixamos este pequeno fragmento, retirado de Leonardo Boff, para reflexão : "Diante do rio Amazonas ficamos totalmente fascinados, fazemos a experiência da majestade. Ao penetrar na floresta, contemplamos sua inigualável biodiversidade e ficamos aterrados diante da imensidão de árvores, de águas, de animais e de vozes de todos os timbres, fazemos a experiência da grandeza. Diante dessa grandeza, sentimo-nos um bicho frágil e insignificante irrompendo em nós o temor e o respeito silencioso, fazemos a experiência da limitação e da ameaça"

Se nos propomos a mudar o estado das coisas que não estão bem postas, precisamos correr riscos e precisamos também retirar do fundo do baú aquela gana, aquela raça que tínhamos na nossa juventude. Precisamos mais, ainda: é fundamental que nos ergamos das nossas confortáveis poltronas, que abramos as portas dos nossos palácios, e que coloquemos o pé na estrada, na busca da grande utopia, que só depende de nós. O nosso fazer cotidiano é a herança que deixamos para as gerações futuras.

O mundo que projetamos como ideal não é feito de boas intenções, ele é construído tijolo a tijolo, ele é produto das nossas ações cotidianas. Não precisamos realizar atos heróicos ou mesmo nos distanciarmos dos nossos afazeres diários para contribuirmos de forma efetiva com o processo de melhoria da qualidade de vida ou de aperfeiçoamento das instituições. O pouco que fizermos já será de grande valia. Pior é esperar que algum salvador da pátria o faça por nós.

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