O fator Geológico
Existem
vários fatores indutores de desenvolvimento: políticos, educacionais,
geográficos, culturais, tecnológicos, macro e micro-econômicos,
infra-estruturais, dentre tantos outros. Porém, existe um que tem sido
negligenciado ao longo da história brasileira e que constitui a base do
desenvolvimento sustentável de qualquer nação. Trata-se do Fator Geológico.
Se tomarmos por base o conceito de que as principais riquezas de um país são os
seus recursos naturais, não será difícil concluir que as geociências
desempenham papel crítico na caracterização e quantificação dessas riquezas. O
conhecimento geológico é a base para o desenvolvimento industrial,
agropecuário e turístico.
No campo industrial, é sabido que sem matéria-prima
não existem condições de implantação de uma indústria forte e competitiva. No
campo da agropecuária ocorre o mesmo, pois são diretamente dependentes da
tipificação dos solos, da caracterização dos mananciais de águas superficiais e
subterrâneas e da disponibilidade de fertilizantes e sais minerais para
elevação dos níveis de produtividade do chamado agronegócio. No campo do
turismo, a compreensão dos fenômenos formadores das paisagens naturais e dos
sítios ecológicos, bem como a determinação da capacidade de carga dos parques
naturais, dependem de um conhecimento adequado sobre a geologia dos terrenos
onde essas atividades se desenvolvem.
O Fator Geológico também tem sido
negligenciado no planejamento urbano. A totalidade das metrópoles brasileiras
enfrenta problemas de ocupação inadequada do solo, de esgotamento sanitário e
de disponibilização de água potável para a população. Esses problemas estão diretamente
relacionados à falta de estudos geológicos e à ausência de profissionais de
geologia no planejamento urbano. Essa realidade é verificada em São Paulo, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Recife e Fortaleza, trazendo prejuízos
gigantescos para a administração pública e comprometendo a qualidade de vida
dos cidadãos. Em Natal, a metrópole potiguar, essa ausência da geologia no
planejamento urbano se reflete na contaminação das nossas águas subterrâneas,
nos freqüentes problemas de alagamentos e na ocupação de áreas de risco quanto
aos aspectos de deslizamento de solo.
Na
semana em que se comemora o “dia do geólogo”, é importante ressaltar a
contribuição que os profissionais de geologia podem oferecer para o crescimento
sustentável do Brasil, considerando o Fator Geológico como
indutor de desenvolvimento. O geólogo está habilitado a realizar trabalhos de
mapeamento, exploração e lavra de recursos minerais. Também está preparado para
efetuar estudos hidrológicos e hidrogeológicos, voltados para a investigação,
prospecção, captação, controle, exploração e gestão dos recursos hídricos. Ele
tem competência para identificar, estudar e controlar os fenômenos que afetam a
conservação do meio ambiente. Pode atuar na elaboração e coordenação de planos
e projetos de recuperação de espaços afetados por atividades extrativas, bem
como tem atribuições para conduzir estudos e projetos de proteção e
descontaminação de solos alterados por atividades industriais, agrícolas e
antrópicas. E, dentre tantas outras competências, dispõe de conhecimento para
realizar estudos de dinâmica costeira e efetuar trabalhos de regeneração de praias.
Em suma, o Fator Geológico constitui
elemento crítico para a construção de uma economia forte e para a elaboração de
um projeto de desenvolvimento que contemple o equilíbrio com o meio ambiente.
(*) Retirado do livro "Pedagogia da Água". Autor: João de Deus Souto Filho
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