domingo, 23 de fevereiro de 2014

Água e vida: uma reflexão necessária

            Nós, seres humanos, fazemos parte do ciclo da vida do planeta Terra. Somos, como os demais organismos vivos, frutos das águas. As evidências científicas nos revelam que a vida apareceu na Terra há 3,5 bilhões de anos. E foi na água que a vida apareceu. Sem água, a vida não floresce. Sem água, o nosso planeta seria uma estéril massa rochosa flutuando no espaço.     

Essa íntima relação entre a água e a vida muitas vezes nos passa despercebida. Quantas vezes bebemos água sem nos darmos conta de que estamos ingerindo a seiva da vida? Quantas vezes passamos indiferentes pela margem de um rio sem percebermos que estamos diante de uma das artérias da mãe Terra? Quantas vezes deixamos de dar importância para a chuva que cai e que molha a terra, fazendo florescer o milho, o arroz, a batata, a laranja, enfim, os alimentos do nosso dia-a-dia? Quantas vezes nos descuidamos do nosso lixo, dos nossos dejetos, que vão poluir as preciosas águas dos rios que abastecem a cidade onde moramos? 

Precisamos estar atentos sobre o significado da água nas nossas vidas. Precisamos dar mais atenção para os elementos naturais que viabilizam a manutenção da vida no nosso planeta. Precisamos nos perguntar sempre: o que será da minha vida se eu não puder contar mais com água de boa qualidade na minha casa? Que futuro teremos se continuarmos a poluir os rios e as lagoas como fazemos atualmente?
 
            Fazemos parte da teia da vida. Precisamos ter consciência disso. Somos parte da natureza. Não podemos nos ver como algo que esteja fora da natureza. E nessa teia da vida, nesse vasto mundo natural, a água desempenha o papel de “elemento chave”, de “elo universal”, que irriga e mantém vivos os constituintes dessa teia. Quando a água adoece, adoecemos todos. Quando falta a água, os fios dessa teia da vida começam a se partir.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Falta d'água: novos hábitos

            Agrava-se a crise da água nas metrópoles brasileiras. Falta água para atender as necessidades básicas do cidadão da metrópole. Falta água nas hidroelétricas para a geração de energia elétrica. Com pouca água e com reduzida disponibilidade de energia elétrica a vida nos centros urbanos vira um inferno.
 
            Nos momentos de crise somos forçados a adotar novos hábitos. As posturas adotadas nos momentos de fartura precisam ser alteradas. E quando o assunto é água, essa mudança de hábito envolve uma reflexão séria sobre o desperdício.
 
            É fundamental termos consciência que a sociedade moderna, embalada pela onda do "produto descartável", passou a conviver com um componente cultural muito perigoso: o desperdício. 
 
  Em média, as grandes metrópoles brasileiras desperdiçam diariamente 50% da água disponibilizada para a população. As empresas distribuidoras de água no Brasil convivem com esses números há mais de quatro décadas. Esse desperdício estrutural é causado principalmente pelos vasamentos nas redes de distribuição de água para a população. Portanto, as concessionárias de água devem alterar seus hábitos de gestão, que tratam esse desperdício como algo aceitável. 

 
            Do ponto de vista individual, é sabido que o brasileiro aprecia um banho bem demorado, especialmente os jovens, que às vezes passam de quarenta a cinqüenta minutos debaixo do chuveiro. De vez em quando, alguns desses jovens são criticados por seus pais, que reclamam dizendo coisas do tipo: “menino, acaba logo esse banho, não fique gastando água sem necessidade”. Os mesmos pais que passam mais de uma hora com a mangueira aberta, enquanto lavam o carro da família ou que varrem diariamente a calçada com a conhecida “vassoura d’água”. Afirmam os psicólogos e pedagogos que os filhos tomam os seus pais como modelos. Hora de perguntar: Esses pais, gastadores contumazes de água, conseguirão transformar seus filhos em pessoas preocupadas com o desperdício desse líquido tão precioso? Muito pouco provável.

 
            Já que estamos tratando do desperdício doméstico, aproveitamos para apresentar alguns números relacionados com o assunto. São valores médios, que dão uma idéia sobre gastos envolvendo atividades corriqueiras, como por exemplo: torneira pingando: 46 litros por dia; banho de 20 minutos, com chuveiro continuamente ligado: 120 litros; escovar os dentes com a torneira aberta: 18 litros; filete de água de três milímetros, em torneira que apresente vazamento: 8000 litros por dia; lavagem de carro com mangueira: 246 litros.
 
            Considerando que o combate ao desperdício envolve mudança de hábito, é importante que este assunto passe a fazer parte das conversas diárias entre pais e filhos, do debate rotineiro nas salas de aula e de ações de sensibilização continuadas. Só assim poderemos contribuir para a construção de uma sociedade que faça uso otimizado deste bem que a cada ano se torna mais escasso.
 
          E como a escassez de água já é uma realidade na maioria dos grandes centros urbanos brasileiros, precisamos exigir a criação de programas permanentes de combate ao desperdício d’água, envolvendo principalmente a mídia televisiva. Não se forma uma consciência de combate ao desperdício, de valorização e preservação da água, utilizando-se de campanhas esporádicas. Necessitamos de uma campanha permanente, com penetração em todos os segmentos da sociedade, para darmos um salto de qualidade nessa área comportamental. Talvez devêssemos lançar a campanha “Desperdício Zero”.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Crise nas metrópoles brasileiras: a grande seca

As empresas distribuidoras de água do Sudeste e Centro-Oeste estão em estado de alerta. É que os reservatórios estão com 40% da capacidade de armazenamento. Essa redução do nível de água também já está afetando a produção de energia elétrica em algumas hidrelétricas.

No Sistema Cantareira, que abastece São Paulo e parte da região metropolitana, a situação é mais crítica ainda, pois  se encontra com apenas 22% da sua capacidade de armazenamento. O abastecimento de água da Grande São Paulo já está comprometido.

Aliado a essa falta de água, as cidades brasileiras registraram no mês de Janeiro de 2014 recordes de calor. Como o calor leva ao incremento no consumo de água e de energia elétrica (aumento do uso dos sistemas de refrigeração), a crise se agrava mais ainda.

Como é importante aprendermos com as crises, vale refletirmos sobre duas questões básicas, que têm ligação íntima com o tema, quais sejam: as mudanças climáticas no planeta e o desperdício.

Quanto às mudanças climáticas, cujos sinais temos recebidos ano a ano, devemos estar atentos para as iniciativas do estado voltadas para a ampliação das reservas de água visando o abastecimento dos centros urbanos, particularmente das grandes metrópoles. Os órgãos gestores dos estados devem ser cobrados quanto à implementação de projetos de ampliação das reservas de água. Novos sistemas de captação, armazenamento e transporte de água devem ser instalados. Cabe a ressalva de que os atuais sistemas em funcionamento foram pensados dentro de um cenário climático que está sendo alterado, pois as chuvas não estão mais dando conta de repor, no volume adequado, a água consumida pela população e pelas indústrias.

Quanto ao desperdício, necessitamos de uma mudança de comportamento em escala global. O brasileiro precisa tomar consciência de que o desperdício de água não é um bom negócio. Não é um bom negócio para o cidadão, não é um bom negócio para os empresários, não é um bom negócio para ninguém.
 
E como o desperdício envolve mudanças de hábitos, esse é um processo lento, que passa pela formação de uma consciência de valorização da água. O contumaz gastador de água não se transforma em um usuário consciente de água da noite para o dia. Daí a necessidade do envolvimento de todos os segmentos da sociedade em um trabalho educativo visando o uso racional e equilibrado da água. E esse movimento deve ser iniciado dentro de cada lar brasileiro, com os pais atuando como agentes formadores de opinião para uma juventude que está acostumada com água em abundância. E ele deve ser estendido para as escolas e locais de trabalho.
Esse é o caminho, caso contrário, estaremos caminhando para transformar as cidades em desertos de cimento.