quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A água que tem nas coisas

Quantos litros de água tem no chip de computador? Quantos litros de água tem no pão francês?  De quanta água preciso para produzir um quilo de carne? O conceito de “água virtual”, já amplamente usado no mercado, ajuda a responder tais perguntas.
Tanto na produção agrícola como na produção industrial é possível quantificar o volume de água necessário para se produzir algo. Esse é o conceito de “água virtual”.

As plantas necessitam de água para crescer, os animais precisam de água para se desenvolver e todo produto industrializado têm a água como insumo. Quando utilizamos um aparelho celular, por exemplo, pode nos passar despercebido que foi utilizada água na sua produção. Por isso vale chamar a atenção de que todos os componentes do seu aparelho celular necessitaram de água para a sua fabricação, desde o chip, passando pela tela de cristal líquido, pela estrutura metálica, pelo revestimento plástico ou mesmo pela sua bateria.

Para dar uma ideia melhor dessa quantidade de água necessária para a produção agropecuária ou industrial, aí vão alguns exemplos:

Um quilo de carne de boi (13.500 litros de água)

Um quilo de salsicha (11.500 litros de água)

Um lençol de algodão (10.600 litros de água)

Um par de sapatos de couro (8.000 litros de água)

Um quilo de queijo fresco (3.100 litros de água)

Um quilo de arroz (2.500 litros de água)

Uma camiseta de algodão (2.000 litros de água)

Um copo de leite (200 litros de água)

Uma maçã (70 litros de água)

Um pão francês (40 litros de água)

Um microchip de computador (32litrosde água)

Uma folha de papel A4 (10 litros de água)

Segundo dados da UNESCO, o comércio global movimenta anualmente um volume de água virtual da ordem de um trilhão de litros. A agricultura irrigada é o maior consumidor de água do planeta. Em segundo lugar vem a indústria.

domingo, 21 de setembro de 2014

Quanto vale um copo d'água?

Falar de valoração da água pode soar estranho para muitas pessoas, especialmente para aqueles que foram criados na abastança.
 
Qual o valor da água que chega na sua casa? Não falo do valor monetário. Falo do valor de um bem que afeta diretamente a nossa quaidade de vida, desde o momento que acordamos até o instante que vamos dormir.
 
Talvez devêssemos dar mais atenção para a luta dos nossos irmãos que vivem no sertão nordestino, eles sim têm a noção clara do valor da água. Para os flagelados da seca, água não é sinônimo de produto de baixo valor, para eles é uma questão de vida ou morte.
 
Em situações limites, quanto vale um copo d'água?
 
Devemos reconhecer que no dia-a-dia conversamos muito pouco sobre este assunto.
 
Quantas vezes já tivemos a oportunidade de discutir isso com os nossos filhos?
 
Com que freqüência esse tema é debatido nas escolas?
 
Qual o grau de envolvimento da mídia com respeito à necessidade de mudar os hábitos da população para melhor uso fazer desse bem tão precioso?
 
Permita-me abrir um parêntese com respeito a esse ponto:
 
Em setembro de 2000, encaminhei para todas a empresas de televisão da cidade de Natal (Cabugi, Ponta Negra, Tropical e Potengi) a seguinte proposta: "Incluir na pauta dos Jornais Diários um espaço reservado para a ÁGUA, da mesma forma que existe um espaço para as informações meteorológicas". Esse espaço nos Jornais Diários poderia ser de 30 segundos, de forma a não comprometer a programação jornalística existente. Não recebi resposta de nenhuma delas, com relação à proposta feita.
 
A crise da água nos principais centros urbanos nos revela que muita coisa ainda precisa ser feita para enfrentarmos o problema da escassez de água nas grandes cidades.
 
Talvez, quando estivermos pagando algo em torno de dez dólares por cada mil litros de água disponibilizados para as nossas casas, como já ocorre na Alemanha, passemos a ter uma idéia mais clara do valor da água.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Falta d'água: sete facetas de um mesmo problema

A grave crise de abastecimento de água vivenciada pelos paulistanos revela muitas facetas do gerenciamento e do uso dos recursos hídricos.
 
Primeira faceta: A noção de que os recursos hídricos são finitos não é compreendida por muitos administradores e por grande parte dos consumidores. Se entendemos que determinado recurso é infinito, não precisamos nos preocupar com ele. Boa parte da população brasileira trata a água como um recurso infinito.
 
Segunda faceta: Considerar que o clima é o único fator determinante para a disponibilização da água na quantidade que se necessita. Mais importante é saber planejar e executar no tempo certo as ações de infraestrutura, envolvendo armazenamento, tratamento e distribuição, que garantam a segurança hídrica. Obras de distribuição coletiva de água, especialmente em grandes centros urbanos, não têm condições de serem implantadas da noite para o dia.
 
Terceira faceta: Controlar o desperdício e educar para se evitar o desperdício são fatores primordiais para o uso racional da água. Um exemplo: a rede de distribuição de água na cidade de São Paulo desperdiça, só por conta de vazamentos nas tubulações, 40% da água produzida. É importante perceber que isso representa dizer que quase a metade da água disponibilizada pelo sistema de abastecimento não chega às casas dos consumidores. Aliado a isso, o desperdício de água envolvendo os consumidores, dentro das suas próprias casas, é uma realidade reconhecida por todos. A população brasileira não é educada para evitar o desperdício de água.
 
Quarta faceta: O uso político da água é criminoso e só traz prejuízos para a população. É sabido que os administradores das Concessionárias de Água, na quase totalidade dos estados brasileiros, são indicações políticas, muitas vezes descompromissados com a saúde dos Sistemas de Abastecimentos de água. No estado de São Paulo, por exemplo, muitos engenheiros sanitaristas foram substituídos por economistas e advogados, comprometendo a gestão técnica do Sistema. Como diz o velho ditado popular: cada macaco no seu galho.
 
Quinta faceta: As orientações políticas valem mais do que as orientações técnicas. Um exemplo: O risco de colapso do Sistema Cantareira foi diagnósticado em 2007. Foi encamonendado, então, um estudo técnico do problema e esse estudo só foi concluído em 2014. Tudo isso por pura ingerência política e falta de comprometimento com a adequação do Sistema de Abastecimento de água.
 
Sexta faceta: Povo desinformado é povo pouco exigente. A mídia pouco contribui para formação de uma consciência de valorização da água e de preservação dos recursos hídricos. Os governos não se preocupam com a "educação para o uso racional da água". Para termos uma população devidamente educada e consciente do seu papel com relação à preservação dos recursos hídricos é necessário um programa permanente de educação para a água. Não adianta falar da água apenas nos momentos de crise. O cidadão precisa ser transformado, através dessa educação, em um consumidor consciente que seja crítico e parceiro do Sistema de Abastecimento de Água da sua cidade.
 
Sétima faceta: Sem água, as tensões sociais aumentam. Quando falta água sofre o cidadão, sofre a família, sofre a cidade. Já foram registradas brigas em postos de venda de água mineral da grande São Paulo, em bairros onde o racionamento de água já é uma realidade. Escolas já fecharam suas portas por falta de água (não havia água nos bebedouros e nem nas descargas dos banheiros). A mídia já mostrou conflitos familiares devido a falta de água. Em suma: quando falta água a vida vira um inferno.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

O alerta das águas

Continua a crise da água no estado de São Paulo: Falta água na Região Metropolitana;O racionamento já está sendo vivenciado pela população;A produção de energia elétrica também encontra-se ameaçada pelo rebaixamento do nível de água nos rios onde existem hidroelétricas;A agricultura irrigada em alguns núcleos produtores já está sendo prejudicada;As autoridades públicas lançam mão das últimas alternativas para evitar o colapso do sistema de abastecimento de água potável, na capital paulista e cidades vizinhas;A população paulistana está inquieta e insatisfeita com a falta de água nas suas residências. Os fatos e sintomas acima são característicos de uma região que está sumetida à condição de estresse hídrico. O que acontece hoje no estado mais rico do Brasil também acontece em várias regiões do planeta. Veja abaixo algumas projeções feitas pela ONU sobre o quadro futuro da água no nosso planeta. Os dados abaixo são do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma):

    · Estima-se que hoje 1,2 bilhão de pessoas não tem acesso a água, enquanto 2,4 bilhões não dispõem de medidas sanitárias adequadas.· Em meados deste século, cerca de sete bilhões de pessoas poderão sofrer escassez de água. · O fenômeno de alteração climática causará uma perda de 20% da água doce disponível.· Calcula-se que já existem 12 mil quilômetros cúbicos de água contaminada no mundo.· A crise hídrica poderá ser amenizada através de um melhor manejo das bacias fluviais.· 70% da água doce utilizada se destina à produção de alimentos, porém, mais de 800 milhões de pessoas não têm comida suficiente.