segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Ocorrência de Água Doce no Fundo dos Oceanos

 



Água doce no fundo do mar? Como é possível isso?

 

Existem aquíferos portadores de água doce que se estendem até as regiões de mar aberto. Em muitas regiões do planeta, em todos os oceanos, existem registros de exsudação de água doce no fundo do mar. Essas exsudações são como nascentes de água doce no substrato dos oceanos, na maioria das vezes, próximos das regiões litorâneas.

 

O termo, em inglês, que designa esse tipo de acumulação de água doce no fundo marinho é “Offshore freshened groundwater (OFG)”. Em outras palavras, é a água de baixa salinidade hospedada em sedimentos e rochas abaixo do fundo do mar.

 

Segundo o pesquisador Vincent Post, do Centro Nacional de Águas Subterrâneas e da Universidade Flinders, na Austrália, “Os cientistas que se dedicam às pesquisas de águas subterrâneas sabiam que há água doce sob o fundo do mar, mas achavam que ela só aparecia sob condições raras e especiais. Nosso estudo mostra que aquíferos doces e salobros abaixo do leito marinho são realmente um fenômeno bastante comum. Essas reservas foram formadas ao longo dos últimos milhares de anos, quando, em média, o nível do mar era muito mais baixo do que é hoje e quando o litoral ficava mais longe. Então, quando chovia, a água se infiltrava no solo e enchia o lençol freático em áreas que hoje estão sob o mar.”

 

Esses aquíferos, portadores de água com baixa salinidade, ocorrem na costa da maioria dos continentes ao redor do mundo e poderia possivelmente se tornar uma fonte de água potável para populações humanas que vivem perto da costa. As ocorrências mais conhecidas estão nos Estados Unidos, Austrália, Indonésia, América do Sul, Japão e Israel. Esses reservatórios portadores de água doce também ocorrem no litoral brasileiro. Porém há necessidade da implementação de projetos de pesquisa para a devida caracterização e delimitação desses mananciais de água subterrânea.

 

Em função do interesse crescente por novos mananciais de água doce, para atendimento das demandas em regiões costeiras, foi criado em janeiro de 2017, pela European Research Council, o projeto MARCAN, liderado pelo Prof. Aaron Micallef da Universidade de Malta.

 

Os cientistas do projeto MARCAN estão usando uma variedade de métodos geoquímicos, geofísicos e numéricos para estudar águas subterrâneas doces que ocorrem nas áreas marinhas para melhor entenderem o papel desses recursos hídricos no ciclo global da água.

 

Segundo publicações do prof. Aaron Micallef, “a maioria dos registros ocorre dentro de 55 quilômetros da costa e até uma profundidade de água de 100 metros e profundidade do fundo do mar de 200 metros, predominantemente em margens continentais passivas”. No entanto, já foi relatada a presença de água doce a distâncias de até 720 quilômetros da costa e em profundidades de água de três mil metros.

 

Com base nos locais já conhecidos, estima-se um volume global de 1 milhão de quilômetros cúbicos (1,0 x 1018 litros) de água doce abaixo do fundo marinho.

 

Porém, ainda existem muitos pontos que precisam ser esclarecidos, dentre os quais destacamos:

- A distribuição, extensão e dimensões dos corpos que armazenam a água doce em subsuperfície;

- Os mecanismos que controlam o armazenamento e a preservação dessas águas, bem como o tempo de residência dessas águas nos reservatórios;

- O controle que o ambiente geológico exerce sobre a distribuição espacial desses aquíferos;

- E como esses reservatórios naturais de água doce responderão às mudanças climáticas.

 

Fonte:

Existe mais água doce no oceano do que nós extraímos da terra em 100 anos (hypescience.com)


https://eos.org/editors-vox/freshened-groundwater-in-the-sub-seafloor

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