segunda-feira, 30 de agosto de 2021

Vai Faltar Água, Muita Água!

As previsões para o ano corrente (2021), com respeito à disponibilidade de água para matar a sede e mover o país, são muito piores do que aquelas dos últimos três anos. A seca, que até poucos anos atrás era tema quase que restrito ao Nordeste brasileiro, agora se estende para as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Pelo andar da carruagem, vai faltar água nos grandes centros urbanos, na agricultura e pecuária, nas indústrias e, principalmente, nas hidrelétricas.




O governo federal vem tentando colocar panos quentes sobre a iminente Crise Hídrica que se aproxima, mas todos os sinais apontam para o racionamento de água e de energia elétrica no transcorrer do ano de 2021. O enfrentamento de uma Crise Hídrica em escala quase que continental, como é o caso do Brasil, não é tarefa para amadores, nem tampouco que se resolva com ações improvisadas. É preciso planejamento de longo prazo, com a aquisição de recursos críticos no tempo certo, aliado à disponibilização de recursos materiais, de infraestrutura e humanos em diferentes frentes. Será que estamos preparados para isso? No meu entender, não!

Como reflexo da polarização política que vivenciamos, o país sequer tem uma posição consolidada sobre a questão das Mudanças Climáticas. Perde-se mais tempo discutindo as causas desse fenômeno, em escala planetária, do que se adequando à nova realidade climática que está mudando a fisiografia de muitas regiões.

A ciência já demonstrou de modo cabal o papel dos chamados “rios voadores”, gerados por influência direta da cobertura vegetal da floresta amazônica, no regime de chuvas das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul. Contudo, persistem os desmatamentos que vêm reduzindo sistematicamente a cobertura vegetal do norte do país. Muitos não se atêm que a cada quilômetro quadrado de floresta derrubada se reduz o volume de água nos “rios voadores”.

Não bastassem os incêndios ocorridos no Pantanal e na parte sul da Floresta Amazônica, no ano que passou, já começamos ver o fogo tragando extensa área na Chapada dos Veadeiros (Parque da Emas). Hora de nos perguntarmos: - Estamos preparados para enfrentar esses incêndios no corrente ano? Temos equipamentos, equipes treinadas e demais recursos materiais e humanos para enfrentarmos mais uma batalha contra o fogo?

Todos os grandes reservatórios de águas superficiais, onde estão instaladas as principais hidrelétricas do país, apresentam níveis abaixo do requerido para a produção adequada de energia elétrica.

O governo já aumentou a cobrança sobre o consumo de energia elétrica como forma de forçar a redução do consumo. Isso tem impacto direto na produtividade da indústria, aumentando os custos, que se refletem no consumidor final.

Estamos por adentrar o mês de Setembro e os sinais de agravamento da situação só aumentam. Depois de negar sistematicamente o risco de colapso do Sistema Elétrico brasileiro, só agora o Governo Federal admite que a situação é grave, exigindo ações imediatas. As tarifas de energia elétrica já alcançaram patamares estratosféricos, com tendência de aumentarem mais ainda. Só agora é que foram iniciadas as campanhas de uso racional da energia elétrica. Uma medida paliativa que não resolve o problema.

Como se diz popularmente, “o buraco é mais embaixo”. Falta um plano estratégico com visão de longo prazo, falta uma ação articulada entre os diferentes ministérios com foco em um objetivo comum que a Segurança Hídrica do país, com reflexos diretos na Segurança Energética.

Pelas projeções mais recentes, vai faltar água para beber e água para alimentar adequadamente a nossa matriz energética. As regiões, Sul, Sudeste e Centro-Oeste estão sob forte ameaça. A seca nessas três regiões é uma realidade incontestável. E não dá mais para empurrar com a barriga ou colocar esse problema debaixo do tapete.

Faltando água e energia, nenhuma sociedade minimamente organizada se sustenta. Faltando água e energia os preços dos bens de consumo explodem. Faltando água e energia, todo o parque industrial se vê ameaçado. Faltando água e energia a economia sucumbe. Faltando água e energia, a fome e a sede corroem a estabilidade socioeconômica de qualquer país.

E não adianta querer colocar a culpa em São Pedro. Os sinais da mudança climática que está nos atingindo já vêm sendo dado há muitos anos. Negar isso é fechar os olhos para uma realidade que já afeta todo o planeta. Se equivocam aqueles que acreditam na falácia de que a Mudança Climática é uma questão ideológica.

João de Deus Souto Filho
Natal-RN

1 Comentários:

Às 12 de novembro de 2021 às 11:00 , Blogger Mackenzie Melo disse...

É realmente uma tristeza imensa quando percebemos a politização de problemas tão claros expostos, explicados e já comprovados pela ciência há tanto tempo... Se bem que não é de se espantar, já que ciência e nada, no jogo político de hoje, parece não servir de nada. Triste. Obrigado pela reflexão, João.

 

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