Falta d'água: novos hábitos
Agrava-se a crise da água nas metrópoles brasileiras. Falta água para atender as necessidades básicas do cidadão da metrópole. Falta água nas hidroelétricas para a geração de energia elétrica. Com pouca água e com reduzida disponibilidade de energia elétrica a vida nos centros urbanos vira um inferno.
Nos momentos de crise somos forçados a adotar novos hábitos. As posturas adotadas nos momentos de fartura precisam ser alteradas. E quando o assunto é água, essa mudança de hábito envolve uma reflexão séria sobre o desperdício.
É fundamental termos consciência que a sociedade moderna, embalada pela onda do "produto descartável", passou a conviver com um componente cultural muito perigoso: o desperdício.
Em
média, as grandes metrópoles brasileiras desperdiçam diariamente 50% da água
disponibilizada para a população. As empresas distribuidoras de
água no Brasil convivem com esses números há mais de quatro décadas. Esse desperdício estrutural é causado principalmente pelos vasamentos nas redes de distribuição de água para a população. Portanto, as concessionárias de água devem alterar seus hábitos de gestão, que tratam esse desperdício como algo aceitável.
Do ponto de vista individual, é
sabido que o brasileiro aprecia um banho bem demorado, especialmente os jovens,
que às vezes passam de quarenta a cinqüenta minutos debaixo do chuveiro. De vez
em quando, alguns desses jovens são criticados por seus pais, que reclamam
dizendo coisas do tipo: “menino, acaba
logo esse banho, não fique gastando água sem necessidade”. Os mesmos pais
que passam mais de uma hora com a mangueira aberta, enquanto lavam o carro da
família ou que varrem diariamente a calçada com a conhecida “vassoura d’água”. Afirmam os psicólogos e pedagogos que os filhos
tomam os seus pais como modelos. Hora de perguntar: Esses pais, gastadores
contumazes de água, conseguirão transformar seus filhos em pessoas preocupadas
com o desperdício desse líquido tão precioso? Muito pouco provável.
Já que estamos tratando do
desperdício doméstico, aproveitamos para apresentar alguns números relacionados
com o assunto. São valores médios, que dão uma idéia sobre gastos envolvendo
atividades corriqueiras, como por exemplo: torneira pingando: 46 litros por dia; banho
de 20 minutos, com chuveiro continuamente ligado: 120 litros ; escovar os
dentes com a torneira aberta: 18
litros ; filete de água de três milímetros, em torneira
que apresente vazamento: 8000
litros por dia; lavagem de carro com mangueira: 246 litros .
Considerando que o combate ao desperdício envolve mudança
de hábito, é importante que este assunto passe a fazer parte das conversas
diárias entre pais e filhos, do debate rotineiro nas salas de aula e de ações
de sensibilização continuadas. Só assim poderemos contribuir para a construção
de uma sociedade que faça uso otimizado deste bem que a cada ano se torna mais
escasso.
E como a escassez de água já é uma realidade na maioria dos
grandes centros urbanos brasileiros, precisamos exigir a criação de programas
permanentes de combate ao desperdício d’água, envolvendo principalmente a mídia
televisiva. Não se forma uma consciência de combate ao desperdício, de
valorização e preservação da água, utilizando-se de campanhas esporádicas.
Necessitamos de uma campanha permanente, com penetração em todos os segmentos
da sociedade, para darmos um salto de qualidade nessa área comportamental.
Talvez devêssemos lançar a campanha “Desperdício Zero”.
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