Quase sem água
A crise da água no estado de São Paulo se agrava a cada dia. O estresse hídrico já é uma realidade na Região Metropolitana da maior cidade brasileira. Cenas de briga de rua já foram noticiadas em alguns postos de venda de água mineral. O conflito divulgado pela mídia entre os estados de São Paulo e Rio de Janeiro, por causa da água, revela o quão delicada é a questão do domínio sobre os Recursos Hídricos. É fundamental, até para a segurança institucional do país, aprendermos com rapidez as lições que a falta d'água nos revelam.
Também precisamos refeltir sobre os conflitos familiares, que têm como foco a escassez de água. Há algumas semanas atrás tive a oportunidade de ver uma matéria televisiva na qual mostrava a "guerra" no seio de uma família de classe média alta porque os filhos adolescentes não conseguiam aceitar o fato de que o uso doméstico da água nas rotinas diárias (escovação dos dentes, banho e lavagem de roupa) tinha de ser controlado com rigor. Vi, pasmo, diante da TV, a filha adolescente quase agredir a mãe porque estava proibida de tomar banho utilizando o chuveiro, reclamando em altos brados que precisava lavar melhor os seus cabelos. E a mãe, com olhar assustado, diante da câmara dizendo: Não sei mais o que fazer. Minha vida está um inferno.
O tempo está passando e a questão da recuperação do abastecimento da região metropolitana de São Paulo ainda não foi devidamente equacionada. As ações aplicadas até o momento são meros paliativos que buscam superar a crise. Por enquando o foco está nas medidas técnicas.
Acontece que o buraco é mais embaixo. A raiz do problema está no aspecto comportamental da comunidade, que não aprendeu a utilizar os recursos hídricos de forma comedida, evitando o desperdício. Faltaram, ao longo de toda a metade do século vinte, quando se deu o maior adensamento populacional dos centros urbanos, ações de estado voltadas para a formação de uma cultura de valorização da água e de preservação dos mananciais de água potável.
Agora que a crise hídrica está instalada encontramos uma sociedade que se acostumou com o desperdício de água e que precisa ser educada (pais, filhos e netos) para utilizar a água de modo racional. Aliado a isso, temos uma geração de administradores públicos que são analfabetos funcionais quanto às ações de combate ao desperdício desse bem fundamental à manutenção da nossa qualidade de vida.
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