A água como problema social
Historicamente, a água tem recebido diversas
representações, significações e valorações pelos povos no mundo. Há um ponto,
contudo, em que não há divergência entre eles: a importância essencial da água
para a sobrevivência humana.
Com base neste ponto, as muitas culturas atribuíram
as mais variadas gradações de funções da água para a sociedade, desde as que
valorizam seu caráter divino-mitológico, passando pelas que privilegiam seu
papel essencialmente econômico para o desenvolvimento (como no caso da fertilidade
do solo, necessária à agricultura, base das grandes civilizações antigas como
Egito e Mesopotâmia) até aquelas que a enfatizam como símbolo da higiene, da
limpeza e da “civilidade” – na Alemanha Nazista, os judeus eram comparados com
ratos, eram tidos como sujos não pertencentes à civilização humana. Para
diferenciar-se deles, a limpeza e a higiene foram colocadas como lema para os
alemães. Até recentemente, neste país, ainda era costume a lavagem das ruas com
desinfetantes e shampoos perfumados...
Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se fala em água: o seu aspecto social. O problema primordialmente colocado sobre a água, nos dias atuais, e que aparece normalmente como “ambiental” é, antes, um problema social. A poluição dos mananciais e/ou a escassez de água são problemas socialmente construídos e, logo, requerem uma solução do mesmo tipo.
No século XVIII, de acordo com a construção da cultura burguesa, a água, assim como a limpeza e a higiene de que é símbolo, passaram a ser valorizadas como elementos de distinção entre as classes superiores e as inferiores da sociedade. Nos dias de hoje, quando se observa que os índices de mortalidade infantil, derivados das más condições de saneamento básico, são bem maiores entre as populações faveladas do que os observados para as camadas mais altas da população, verifica-se que o “divisor das águas” entre elas permanece também pelo tipo de acesso à água: a exposição das camadas mais pobres à água suja, contaminada, não-tratada é um sinal das desigualdades sociais e deve ser combatida, inclusive, porque ela é fator de perpetuação das discriminações sociais, já que os pobres continuam a ser vistos, por conta disso, como “incivilizados”. E nisso há o gérmen de uma cultura de intolerância.
Assim, a preservação e tratamento de mananciais é uma questão de caráter público e que como tal deve ser tratada. Requer, portanto, a construção de uma cultura que rompa com a visão puramente utilitarista sobre a água e com a de que a solução para os problemas que ela envolve sejam atributos de técnicos, engenheiros e autoridades específicas. Sendo problemas sociais, todas as discussões sobre a água requerem um debate público para o seu equacionamento.
A solução conjunta para o “problema da água” é uma questão de integração cidadã. A água, como necessidade essencial à vida, é um direito universal, o qual cabe ao Estado garantir. Mas, na medida em que este tem falhado no desempenho de seus papéis, cabe à população organizada fazer valer os seus direitos na prática (e não apenas formalmente). E isto requer uma “publicização” e uma conscientização geral do problema da água na sociedade, para que esta se envolva como um todo neste problema e para que se tomem, de forma conjunta, decisões que visem à sua solução da melhor maneira possível. Uma solução que não se limite à satisfação de segmentos da sociedade.
Percebe-se aqui, portanto, uma questão fundamental quando se fala em água: o seu aspecto social. O problema primordialmente colocado sobre a água, nos dias atuais, e que aparece normalmente como “ambiental” é, antes, um problema social. A poluição dos mananciais e/ou a escassez de água são problemas socialmente construídos e, logo, requerem uma solução do mesmo tipo.
No século XVIII, de acordo com a construção da cultura burguesa, a água, assim como a limpeza e a higiene de que é símbolo, passaram a ser valorizadas como elementos de distinção entre as classes superiores e as inferiores da sociedade. Nos dias de hoje, quando se observa que os índices de mortalidade infantil, derivados das más condições de saneamento básico, são bem maiores entre as populações faveladas do que os observados para as camadas mais altas da população, verifica-se que o “divisor das águas” entre elas permanece também pelo tipo de acesso à água: a exposição das camadas mais pobres à água suja, contaminada, não-tratada é um sinal das desigualdades sociais e deve ser combatida, inclusive, porque ela é fator de perpetuação das discriminações sociais, já que os pobres continuam a ser vistos, por conta disso, como “incivilizados”. E nisso há o gérmen de uma cultura de intolerância.
Assim, a preservação e tratamento de mananciais é uma questão de caráter público e que como tal deve ser tratada. Requer, portanto, a construção de uma cultura que rompa com a visão puramente utilitarista sobre a água e com a de que a solução para os problemas que ela envolve sejam atributos de técnicos, engenheiros e autoridades específicas. Sendo problemas sociais, todas as discussões sobre a água requerem um debate público para o seu equacionamento.
A solução conjunta para o “problema da água” é uma questão de integração cidadã. A água, como necessidade essencial à vida, é um direito universal, o qual cabe ao Estado garantir. Mas, na medida em que este tem falhado no desempenho de seus papéis, cabe à população organizada fazer valer os seus direitos na prática (e não apenas formalmente). E isto requer uma “publicização” e uma conscientização geral do problema da água na sociedade, para que esta se envolva como um todo neste problema e para que se tomem, de forma conjunta, decisões que visem à sua solução da melhor maneira possível. Uma solução que não se limite à satisfação de segmentos da sociedade.
(texto de Carolina Raquel Duarte Mello Justo, do Blog Redação &
Vestibulares)
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