Quanto custa um copo d'água?
Para nós que dispomos de recursos e que consumimos água mineral cotidianamente a resposta é aparentemente simples: - Um copo d'água custa, nos supermercados e nos bares, algo entre vinte e cinqüenta centavos. Um valor aparentemente baixo, para o consumidor desatento, se considerarmos a questão pontualmente. E aí somos levados a refletir sobre o valor real da água. De uma maneira geral, o brasileiro que habita os centros urbanos nunca se preocupou seriamente com a economia de água. Fomos criados com a idéia de que água é um recurso infinito e de baixo valor. Daí a cultura do desperdício.
Hoje, quando a questão da disponibilização de água potável nos grandes centros urbanos está cada vez mais crítica, nos vemos diante de uma situação difícil de ser imaginada poucos anos atrás, qual seja, de aumento do custo da água em função da sua escassez. Estamos preparados para enfrentar essa dura realidade? Se compararmos a nossa situação com países europeus, onde a água é um produto bastante escasso, a perspectiva é de termos as nossas contas de água aumentadas em até 500%. Com a aprovação da lei federal 9.433, em 1977, que visa regulamentar o setor, o país está se preparando para valorar os seus recursos hídricos, passando a cobrar pelo seu uso. Cabe ressaltar que atualmente nós só pagamos às distribuidoras de água pela coleta, tratamento e distribuição da água que sai nas nossas torneiras. Num futuro próximo, estaremos pagando também pela retirada da água dos mananciais superficiais e subterrâneos. Será que seguiremos desperdiçando água como fazemos atualmente?
Falar de valoração da água pode soar estranho para muitas pessoas, especialmente para aqueles que foram criados na abastança. Talvez devêssemos dar mais atenção para a luta dos nossos irmãos que vivem no sertão nordestino, eles sim têm a noção clara do valor da água. Para os flagelados da seca, água não é sinônimo de produto de baixo valor, para eles é uma questão de vida ou morte. Em situações limites, quanto vale um copo d'água?
Devemos reconhecer que no dia-a-dia conversamos muito pouco sobre este assunto. Quantas vezes já tivemos a oportunidade de discutir isso com os nossos filhos? Com que freqüência esse tema é debatido nas escolas? Qual o grau de envolvimento da mídia com respeito à necessidade de mudar os hábitos da população para fazer melhor uso desse bem tão precioso? Permita-nos abrir um parêntese com respeito a esse ponto: Em setembro de 2000, encaminhei para todas as empresas televisivas da cidade de Natal (TV Cabugi, TV Ponta Negra, TV Tropical e TV Potengi) a seguinte proposta: "Incluir na pauta dos Jornais Diários um espaço reservado para a ÁGUA, da mesma forma que existe um espaço para as informações meteorológicas". Esse espaço nos Jornais Diários poderia ser de 30 segundos, de forma a não comprometer a programação jornalística existente. Não recebi resposta de nenhuma delas. De fato, quando aprofundamos essa questão, concluímos que muita coisa ainda precisa ser feita para enfrentarmos o problema da escassez de água nos centros urbanos. Talvez, quando estivermos pagando algo em torno de dez dólares por cada mil litros de água disponibilizados para as nossas casas, como já ocorre em algumas cidades da Alemanha, passemos a ter uma idéia mais clara do valor da água.
Retirado do livro "Pedagogia da Água"
Autor: João de Deus Souto Filho
Hoje, quando a questão da disponibilização de água potável nos grandes centros urbanos está cada vez mais crítica, nos vemos diante de uma situação difícil de ser imaginada poucos anos atrás, qual seja, de aumento do custo da água em função da sua escassez. Estamos preparados para enfrentar essa dura realidade? Se compararmos a nossa situação com países europeus, onde a água é um produto bastante escasso, a perspectiva é de termos as nossas contas de água aumentadas em até 500%. Com a aprovação da lei federal 9.433, em 1977, que visa regulamentar o setor, o país está se preparando para valorar os seus recursos hídricos, passando a cobrar pelo seu uso. Cabe ressaltar que atualmente nós só pagamos às distribuidoras de água pela coleta, tratamento e distribuição da água que sai nas nossas torneiras. Num futuro próximo, estaremos pagando também pela retirada da água dos mananciais superficiais e subterrâneos. Será que seguiremos desperdiçando água como fazemos atualmente?
Falar de valoração da água pode soar estranho para muitas pessoas, especialmente para aqueles que foram criados na abastança. Talvez devêssemos dar mais atenção para a luta dos nossos irmãos que vivem no sertão nordestino, eles sim têm a noção clara do valor da água. Para os flagelados da seca, água não é sinônimo de produto de baixo valor, para eles é uma questão de vida ou morte. Em situações limites, quanto vale um copo d'água?
Devemos reconhecer que no dia-a-dia conversamos muito pouco sobre este assunto. Quantas vezes já tivemos a oportunidade de discutir isso com os nossos filhos? Com que freqüência esse tema é debatido nas escolas? Qual o grau de envolvimento da mídia com respeito à necessidade de mudar os hábitos da população para fazer melhor uso desse bem tão precioso? Permita-nos abrir um parêntese com respeito a esse ponto: Em setembro de 2000, encaminhei para todas as empresas televisivas da cidade de Natal (TV Cabugi, TV Ponta Negra, TV Tropical e TV Potengi) a seguinte proposta: "Incluir na pauta dos Jornais Diários um espaço reservado para a ÁGUA, da mesma forma que existe um espaço para as informações meteorológicas". Esse espaço nos Jornais Diários poderia ser de 30 segundos, de forma a não comprometer a programação jornalística existente. Não recebi resposta de nenhuma delas. De fato, quando aprofundamos essa questão, concluímos que muita coisa ainda precisa ser feita para enfrentarmos o problema da escassez de água nos centros urbanos. Talvez, quando estivermos pagando algo em torno de dez dólares por cada mil litros de água disponibilizados para as nossas casas, como já ocorre em algumas cidades da Alemanha, passemos a ter uma idéia mais clara do valor da água.
Retirado do livro "Pedagogia da Água"
Autor: João de Deus Souto Filho
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