sábado, 10 de março de 2012

Gaia - a Terra vista como um organismo vivo

A teoria da Terra como organismo vivo, também conhecida como teoria de Gaia, foi criada no final da década de 1970 pelo pesquisador britânico James Lovelock. Essa idéia revolucionária, de considerar a Terra como um ser vivo, foi apresentada para o mundo no livro “Gaia: Um Novo Olhar Sobre a Vida na Terra”, publicado em 1979 (Antes disso, em 1972, a hipótese de Gaia havia sido exposta para a comunidade científica, na forma de uma nota, com o título “Gaia vista através da atmosfera”, na revista Atmospheric Environment). Como sempre acontece com as teorias inovadoras, a proposta de Lovelock foi rejeitada por muitos cientistas, sendo foco de calorosas discussões ao longo das décadas de 80 e 90 do século XX.
A teoria de Gaia obriga a que se tenha uma visão planetária. Em defesa da sua tese, Lovelock afirma: “o que importa é a saúde do planeta e não a de determinadas espécies de organismos”. Ele também considera que o mundo está precisando de uma nova profissão, a medicina planetária, e que o profissional dessa área poderia ser denominado de “Geofisiologista”.
Para se compreender o conceito de Gaia, faz-se necessário esclarecer que o termo “Gaia” não é um sinônimo para biosfera (biosfera é definida como sendo a parte da Terra em que normalmente existem coisas vivas), e que também não é o mesmo que “biota” (agrupamento de todos os organismos vivos individuais). Conforme definida originalmente, “a hipótese de Gaia pressupõe que a atmosfera, os oceanos, o clima e a crosta terrestre são regulados em um estado propício para a vida por causa do comportamento dos organismos vivos”. Dentro desse contexto, para Lovelock, “a vida e seu ambiente estão ligados tão intrinsecamente que a evolução diz respeito a Gaia e não aos organismos ou ao ambiente tomados em separado”.
A chave da Teoria de Gaia está na seguinte afirmativa feita pelo pesquisador inglês: “eu vejo a Terra, e a vida que ela contém, como um sistema, sistema esse que tem a capacidade de regular a temperatura e a composição da superfície terrestre, mantendo-a agradável para os organismos vivos. A auto-regulação do sistema é um processo ativo, impelido pela energia livre da luz do sol”. Em suma, a teoria de Gaia defende a tese de que o clima e a composição da Terra são regulados pela vida nela presente.
Visando consolidar os conceitos que davam suporte à sua controversa Teoria, Lovelock publica em 1988 um segundo livro cujo título original é “Ages of Gaia: a Biography of our Living Earth”, que foi editado no Brasil pela Editora Campus, em 1991, com o título “As Eras de Gaia: A Biografia da Nossa Terra Viva”. Leitura obrigatória para todos aqueles que se interessam pela preservação do planeta, vamos encontrar na apresentação feita pelo editor do Programa de Publicações do Commonwealth Fund, Dr. Lewis Thomas, a seguinte afirmativa: “Este livro de James Lovelock descreve uma série de observações sobre a vida do nosso planeta, que um dia poderá vir a ser reconhecida como uma das mais importantes lacunas no pensamento humano. Se Lovelock estiver certo em sua visão, como acredito, passaremos a encarar a Terra como um sistema de vida coerente, auto-regulador e automutante, uma espécie de imenso organismo vivo”.
Partindo do pressuposto de que a Terra está viva, a teoria de Gaia passa a considerar que a evolução dos organismos e a evolução das rochas que compõem a crosta terrestre já não precisam mais ser vistas como ciências distintas a serem estudadas separadamente. Dentro desse contexto, a “Geofisiologia” seria a ciência capaz de descrever a história de todo o planeta. E assim, a evolução das espécies e a evolução de seu ambiente estariam estreitamente associadas, num processo único e indivisível.

Retirado do livro "Pedagogia da Água"
Autor: João de Deus Souto Filho

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