sábado, 21 de janeiro de 2012

Quando não houver mais escolha

O ser humano parece não entender o significado do termo "ação preventiva". O século XX produziu uma geração que cultua o consumismo exasperado e que costuma dar atenção apenas ao "aqui e agora". Reforçada pela mídia, que nos bombardeia minuto a minuto com apelos para consumirmos cada vez mais, e contando com a conivência dos órgãos públicos, que se omitem de realizar um trabalho voltado para a formação de uma consciência social que valorize o uso racional dos recursos naturais disponibilizadas para a sociedade, dentre os quais destacamos a água, o ar, a terra e as diferentes formas de energia, somos induzidos a consumir, consumir, consumir...
A atual crise energética pela qual passou o país forçou a população, os poderes públicos e os empresários a refletirem sobre a falta que faz os chamados "bens elementares", muitas vezes tão desvalorizados, apesar de serem essenciais para o conforto dos cidadãos e para a sobrevivência da vida no nosso planeta. O alerta do "apagão" deve ser tomado como uma oportunidade para mudarmos de postura frente aos recursos que a mãe natureza nos disponibiliza. Não faz muito tempo sentimos o gosto amargo da falta de energia; amanhã corremos o risco de vivenciar a triste experiência da falta d'água. Parece que fomos contaminados pelo vírus do imobilismo que nos leva a agir apenas quando nos deparamos com a terrível constatação de que "não há mais solução".
É hora de nos mobilizarmos em defesa de direitos fundamentais: de respirarmos um ar de boa qualidade; de consumirmos água não contaminada; de contarmos com um sistema de saúde eficiente; de termos acesso a um ambiente ecologicamente bem equilibrado; de podermos utilizar a energia sem restrições impostas por aqueles que deveriam garantir a sua disponibilidade. Precisamos agir, de forma organizada, no sentido de forçar os poderes constituídos e os demais agentes envolvidos a garantirem a preservação dos recursos naturais. Chega de aceitar passivamente as agressões feitas aos nossos bens mais valiosos: aos nossos mananciais de águas superficiais e subterrâneos (que matam a nossa sede e que mantêm a nossa saúde equilibrada), aos nossos manguezais (berço da vida marinha), às coberturas vegetais (fonte de alimento e agente de proteção da superfície terrestre) e aos espaços urbanos (sítio onde plantamos os nossos sonhos de seres urbículas).
Que o desenvolvimento seja acompanhado por ações que garantam a saúde do nosso planeta. Não podemos transferir essa responsabilidade para mais ninguém, mesmo porque os exemplos até hoje dados pelos detentores do poder (político e econômico) não são merecedores de crédito algum. Chegamos no limite. Está na hora de lutarmos pelo nosso sagrado direito de exigir, enquanto dispomos de algum tipo de escolha.

Retirado do Livro: Pedagogia da Água - O papel do cidadão na preservação dos recursos hídricos
Autor: João de Deus Souto Filho

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