quarta-feira, 4 de julho de 2012

Ta'Kaiya - Água Especial

Uma garota de onze anos de idade foi destaque na Rio+20. Apesar de viver numa comunidade indígena canadense, essa jovem de largas bochechas já é uma celebridade mundial. Autora da canção “Shallow Waters” (Águas Rasas), divulgada pela internet, a singela indiazinha está se revelando para o mundo como uma combativa ambientalista. Assisti ao vídeo no qual a pequena Ta’Kaiya canta a canção “Shallow Waters” e fiquei emocionado. Quanto vigor e beleza no seu cantar.


O nome Ta’Kaiya é de origem indígena e significa “Água Especial”. Poderíamos complementar: “água pura”, seiva da vida. Mas não é só o nome que chama a atenção. O que verdadeiramente chama a atenção é a atitude dessa criança de onze anos de idade, a sua capacidade de perceber como é delicado o equilíbrio ambiental do planeta e como as ações humanas podem colocar em risco a preservação da vida animal e vegetal. A canção “Shallow Waters” não é uma mera canção infantil, é um brado de alerta sobre a necessidade de desenvolvermos ações para a proteção dos recursos naturais do planeta.

A canção “Shallow Waters”, cujo título em português significa “águas rasas”, é a demonstração contundente de que a possibilidade de melhorarmos as nossas relações com o meio ambiente está nas mãos dessa juventude que floresce na primeira década do século vinte e um. Caberá a essa nova geração realizar aquilo que a geração do século vinte não conseguiu, que é viabilizar o verdadeiro desenvolvimento sustentável. A nossa geração, que se prepara para sair de cena, e que contou com todos os recursos tecnológicos para fazer as coisas bem feitas, no que diz respeito à proteção ambiental, fracassou e fracassou feio. Levada pela ganância empresarial e pela arrogância dos governantes que dominaram o cenário político no século que passou, a nossa geração deixou sequelas irrecuperáveis em muitas regiões do planeta.

O desenvolvimento a qualquer custo dizimou milhões de quilômetros quadrados de florestas primitivas, provocou a desertificação de extensas áreas férteis, extinguiu centenas de espécies animais e vegetais, gerou toneladas e toneladas de lixo nuclear, acentuou a segregação social em inúmeros países, reflexo da concentração excessiva de renda na mão de poucos. Esse magistral desenvolvimento tecnológico experimentado pela sociedade do século vinte não foi acompanhado de ações de proteção dos ambientes naturais na escala devida. Chegamos ao cúmulo de transformar um mar fértil e produtivo numa poça imunda de águas venenosas. Falo do Mar de Aral, situado no coração da antiga União Soviética, que foi destruído pela ação irresponsável de políticos e empresários gananciosos, suportados por técnicos descompromissados com o conhecimento científico, e que manipularam a vazão de dois importantes rios que mantinham vivo e saudável aquele mar interior.

Daí vir a minha certeza de que caberá a esta geração que floresce, à geração da pequena Ta’Kaiya, a missão de transformar esse mundo cambaleante habitado por nós num mundo verdadeiramente melhor. Num mundo no qual o ser humano se veja como fazendo parte dessa bela natureza que nos cerca. Num mundo mais igual e fraterno.

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