Rio+20 e a Crise de Todos Nós
Li
há alguns meses atrás um artigo que tratava
da questão do consumo inconseqüente que coloca o planeta em risco. O autor
abria o texto dizendo que nos tempos idos do século que passou ele alimentava a
imaginação da sua criança contando estórias ao redor de uma fogueira. E eram
estas as palavras de abertura: “eu contava de como ele enfrentou o monstro com uma faca e um
amuleto. E você, arregalava os olhos que brilhavam medo, lâmina e heroísmo. E
depois, corria para colher nos campos (que eram dourados) lascas que se
transformavam em armas e talismãs. Hoje, eu não sei mais quem sou e nem o que
tenho para contar. E você...
Você precisa de home theater, CD com a trilha sonora, game baseado na história, coleção de miniaturas em pvc, camiseta, boné, álbum de figurinhas, efeitos especiais e o dinossauro articulado. E o que mais mesmo?” Em outras palavras, o consumismo desenfreado passou a ser o elemento motivador dos sonhos juvenis. A estória, de elemento lúdico e estimulador do imaginário infantil, passou a ser um mero coadjuvante, apenas o pano de fundo para a venda de produtos que superlotam as prateleiras dos supermercados e shopping-centers. De produtos que, via de regra, têm vida útil muito curta, que na maioria das vezes vão para o lixo sem muito uso. Para se ter uma idéia da dimensão do negócio, basta dizer que para cada filme dirigido ao público infantil, que os Estúdios Disney colocam no mercado, são lançados de 200 a 400 brinquedos e produtos associados aos personagens desse mesmo filme. Produtos que a mídia cuida muito bem de enfiar goela abaixo de uma sociedade que está sendo levada para o padrão norte-americano de consumo.
Você precisa de home theater, CD com a trilha sonora, game baseado na história, coleção de miniaturas em pvc, camiseta, boné, álbum de figurinhas, efeitos especiais e o dinossauro articulado. E o que mais mesmo?” Em outras palavras, o consumismo desenfreado passou a ser o elemento motivador dos sonhos juvenis. A estória, de elemento lúdico e estimulador do imaginário infantil, passou a ser um mero coadjuvante, apenas o pano de fundo para a venda de produtos que superlotam as prateleiras dos supermercados e shopping-centers. De produtos que, via de regra, têm vida útil muito curta, que na maioria das vezes vão para o lixo sem muito uso. Para se ter uma idéia da dimensão do negócio, basta dizer que para cada filme dirigido ao público infantil, que os Estúdios Disney colocam no mercado, são lançados de 200 a 400 brinquedos e produtos associados aos personagens desse mesmo filme. Produtos que a mídia cuida muito bem de enfiar goela abaixo de uma sociedade que está sendo levada para o padrão norte-americano de consumo.
Voltando
ao texto referenciado acima, o autor é categórico ao afirmar que “A extinção de espécies, a contaminação do ar
e da água, o efeito estufa, não são a crise ambiental. São apenas seus
indicadores”. E expõe sua tese
através da seguinte assertiva: “a crise
ambiental é a nossa crise: de valores, de relacionamento, de identidade e de
conhecimento”. Agora que estamos acompanhando os debates sobre a Rio+20, é
fundamental que reflitamos sobre essa crise vivenciada por nós, cidadãos de um
mundo globalizado que caminha para o insustentável. O atual padrão de consumo,
imposto por uma cultura doente, o modo estadosunidense de ser (e consumir),
está nos levando para uma “crise de recursos” sem precedentes. Inúmeros estudos
demonstram que o modelo consumista atualmente em voga é materialmente
insustentável. Para aqueles que consideram essa tese absurda, basta fazer
referência ao contingente de jovens bem alimentados que roubam ou se prostituem
para ter como comprar roupas de grife, ou ainda, ao número significativo de
adolescentes com distúrbios de comportamento porque sentem-se frustrados por
não poderem compartilhar do “convite para o consumo” veiculado diariamente pela
mídia.
Tomar
consciência desse fenômeno, como pais e cidadãos, é decisivo para as decisões
que podemos tomar na condução das nossas vidas e nas exigências que devemos
fazer aos administradores públicos. Faze-se necessária uma revisão daquilo que
entendemos, por exemplo, como educação ambiental, e como nos incluímos a nós
próprios e às nossas instituições na teia da vida e das relações sociais. Precisamos,
dentre tantas outras demandas, estimular a produção de brinquedos e outros
materiais de uso das crianças e jovens com matérias primas eco-eficientes.
Precisamos exigir mais responsabilidade da indústria de comunicação,
ressaltando que o valor não está no consumo, que o mais importante não é a
grife, que o desenvolvimento deve levar em conta a manutenção da qualidade de
vida para as gerações futuras, que o meio ambiente somos nós e que a vida só é
bela com dignidade e justiça social.João de Deus Souto Filho (Autor do livro "Pedagogia da Água")
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