Falta d'água: a parcela que cabe ao povo
Com o agravamento da crise
hídrica na Região Metropolitana de São Paulo e a sua ampliação para inúmeras
cidades do interior paulista, os administradores públicos começam a apelar para
a boa vontade do povo no que diz respeito à falta d’água nas residências. As
palavras de ordem agora veiculadas são as seguintes: “o povo precisa ser mais
paciente”; “o cidadão precisa colaborar com a redução do desperdício”; “o povo
precisa entender a crise que estamos vivendo”. A mídia, por sua vez, começa a divulgar
com mais frequência campanhas voltadas para o combate ao desperdício e para o
uso racional da água.
Mais uma vez observamos a
repetição de um erro histórico. O erro de imaginar que se promove mudança de
comportamento de um grande contingente populacional apenas com campanhas
esporádicas na mídia ou mesmo através de apelos sensacionalistas.
Se queremos verdadeiramente criar
uma cultura de preservação dos recursos hídricos e de redução do desperdício de
água, devemos pensar em um programa educativo de longo prazo, envolvendo todos
os segmentos sociais, todos os entes públicos, todos os agentes produtivos e todos
os formadores de opinião. Temos de abandonar os velhos hábitos, que contemplam
ações de convocação do povo para combater a crise quando essa crise já está
instalada.
Criar uma consciência coletiva de
uso racional da água requer tempo e persistência. E nesse processo de educação coletiva
existem dois agentes fundamentais: o poder público e as empresas de mídia. O
poder público deve ser o patrocinador desse amplo programa educativo e a mídia
deve ser o veículo que levará a cada lar, a cada família, as informações
necessárias para a materialização do programa. Esse processo educativo deve ser
estendido para dentro das escolas, das empresas, dos órgãos públicos
(municipais, estaduais e municipais), além de permear os três poderes
constituídos: Executivo, Legislativo e Judiciário. Todos, sem exceção, têm de
participar ativamente desse processo. De outra forma, estaremos perdendo tempo
e despendendo energia, com fórmulas que não surtirão o efeito desejado.
Tendo o povo consciente do seu
papel, as ações preventivas e corretivas poderão ser muito mais facilmente
implementadas. Nesse modelo proposto, o povo deixará de desempenhar o papel
de mero espectador para atuar como agente transformador. Só assim estaremos
preparados tanto para evitar a implantação de uma situação de crise, como para
sabermos nos portar naquelas situações em que a crise nos envolva.
O espírito colaborativo é mais
forte naquelas comunidades onde o senso de coletividade é algo natural, onde o
senso de coletividade faz parte dos nossos hábitos. A receita é simples: Conhecer para proteger.
1 Comentários:
João de Deus, sempre leio suas postagens, mas quase não comento por pura falta de tempo, me desculpe...gosto demais de tudo que você escreve sobre a água, só assuntos verdadeiramente pertinentes ao momento, aos problemas da falta dela...abços
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