Água que acaba, povo que sofre
Onde falta água reina o
sofrimento. É assim em todos os recantos do planeta.
A falta d’água nos torna iguais,
nos torna mendigadores de um precioso gole de água.
A falta d’água abre ferida nos
relacionamentos, atingindo de forma mais contundente os egoístas e arrogantes.
Onde falta água o equilíbrio
entre o racional e o irracional é uma tênue linha que pode se desfazer a
qualquer momento.
Para os sofridos, aqueles criados
sob o rigor da seca, a falta d’água é um exercício de submissão ao imponderável
da existência.
Para os abastados, aqueles que
foram criados em meio à abundância de recursos, a falta d’água é motivo de
revolta tresloucada, de convulsão e destempero.
Onde falta água prevalece a fome,
e a morte arrasta as suas correntes pelos campos, pelas ruas, pelas casas, num
convite contínuo ao desfalecimento.
Onde a água é pouca a alegria inexiste e a
esperança se resume a uma palavra: chuva.
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