Nós e a natureza: por José Saramago
O consagrado escritor português, prêmio Nobel da Literatura, José Saramago, era homem de hábitos simples, tendo passado a infância em Azinhaga, pequena aldeia situada às margens do rio Almonda. Mesmo depois da fama, expressava o seu profundo interesse pelas coisas da natureza.
Saramago, em uma de suas inúmeras entrevistas declarou: "Eu entendo a felicidade como uma relação de harmonia, como uma relação estreita da pessoa com a sociedade, com os que lhe são próximos e com o meio ambiente".
Em certa ocasião lhe perguntaram sobre as pedras que tinha em casa. Sua resposta foi: "Por que tenho a casa cheia de pedras? Há muita imaginação e fantasia nisso tudo. Quando falo assim de uma pedra é uma ilusão minha, porque é uma coisa inerte, insensível. Mas se pego, se a tenho na mão, já é algo que pertence à minha própria família, porque não é uma pedra de Marte, é uma pedra da Terra, que é o lugar onde estou."
Para Saramago, o respeito à natureza se traduzia em atos simples. Vejam o que ele disse sobre os cuidados com o jardim da sua casa em Lanzarote, onde passou os últimos dias da sua vida, e seu respeito à natureza: "Estou sempre preocupado aqui com que os pássaros tenham água. São coisas tolas, mas alguém tem de se encarregar, porque se não tem água aqui encontram-na em outro lugar; mas não, eu quero que os pássaros tomem água aqui e ponho água limpa para eles, e a água está ali. Por isso creio que tenho um vínculo natural, espontâneo, com o sentir a paisagem, o céu, as nuvens. Vivi uma relação com a natureza que se deu naturalmente: um recanto, uma árvore, um rio. Coisas que são o próprio mundo. Não é a natureza abstrata: é a cobra, o sapo... Não tem nenhuma importância... Serpentes, lagartos... que importância têm. Para muitos, talvez, nenhuma. Mas, para mim, têm toda."
Para além do escritor, podemos perceber o bravo Saramago nos mostrando o valor do respeito pelas coisas naturais. É o ser social se reconhecendo como ser natural.
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