sábado, 16 de maio de 2015

Chuvas em Salvador: uma cidade em barrancos

Um filme que se repete todos os anos. Inicia-se o período chuvoso e a cidade mostra as suas fragilidades históricas quanto às questões de alagamentos e deslizamentos de terra.
 
Entra ano e sai ano e a história é a mesma: a quase totalidade das metrópoles brasileiras não estão preparadas para chuvas torrenciais ou precipitações pluviométricas de maior intensidade. Entra ano e sai ano e a corda arrebenta do lado mais fraco: as classes menos favorecidas, os moradores da periferia, pagam o pato dessa irresponsabilidade administrativa com a perda de todos os seus bens e de muitas vidas.
 
A região metropolitana de Salvador, por exemplo, está em Situação de Emergência. Nessa primeira quinzena de maio já choveu muito mais do que a média histórica, que é de 359 mm. As projeções indicam que o acumulado do período pode alcançar 600 mm. É muita água para uma cidade que não está preparada para tal. São alagamentos de grandes proporções e deslizamentos de encostas que estão tragando casas e vidas daqueles com menores recursos.
 
Muitos dos serviços públicos estão comprometidos, como a distribuição de água e luz. Algumas vias públicas estão totalmente paralisadas devido aos alagamentos. A cidade de Salvador, em áreas críticas, está praticamente travada, em função do comprometimento da malha de transporte público. Os hospitais públicos não estão dando conta de atender aos necessitados. Muitas escolas paralisaram as suas atividades. E milhares de trabalhadores não estão conseguindo chegar aos seus postos de trabalhos por falta de transporte ou até pela impossibilidade de sair de casa.
 
Como disse no início, é um filme que se repete e uma situação que se agrava a cada nova chuva.
 
O que falta fazer, nesse cenário de destruição, atropelos e dor? Apesar do problema ser complexo, a resposta é simples: falta planejamento de longo prazo e ação preventiva de caráter permanente. Na cidade de Salvador, por exemplo, os mapas de risco já existem, ou seja, as regiões mais críticas e perigosas são muito bem conhecidas. O que não existe é iniciativa administrativa para enfrentar o problema de modo sério. Não existe na Região Metropolitana de Salvador um plano integrado de ação preventiva e corretiva, que funcione de modo permanente, para preservação e recuperação das encostas. Não existe também, por falta de vontade e coragem do poder público, um plano de desocupação de áreas de risco. O que existe é a falta de vontade de solucionar o problema. O que existe é o descaso com a segurança da população.
 
Como já afirmei também, esse não é um problema de solução simples, mas é um problema que pode ser resolvido, com vontade e ações de longo prazo. 

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